sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Felicidade tem prazo de validade.

Minha Vida, eu não consigo!

            Eu sei que, quando você encontrar esta humilde cartinha, já estará muito distante de mim, enquanto eu estarei aqui sozinha, sem seus beijos e abraços que aquecem minha alma e me protegem dos temores que a vida conserva presente para dar sentido à existência de cada um dos mortais.
            Perdoe a minha insegurança, mas acontece que, é a primeira vez que vamos estar separadas por tanto tempo, que já me sinto só. Tento ser forte, mas não consigo, pois ainda sinto as suas mãos afagando os meus cabelos, sua boca tocando a minha. Que loucura!
            Tento ser valente nessa hora, mas não consigo, pois te amo loucamente e sei que, quando eu percorrer o jardim da nossa casa sentirei a sua presença nas flores, nos pássaros, no ar...
            Procuro corromper o meu medo mais uma vez, e nessa ânsia louca sou vencida, pois você sempre está presente onde quer que eu vá.
            Oh meu grande amor, gostaria que essa noite nunca acabasse, e que o dia não chegasse trazendo consigo o dever da partida.
            Olho-me no espelho de frente e de perfil, e com um toque singular com a língua por volta dos lábios, umedecendo-os até brilharem, posso fazer de conta que acabara de ser beijada por você, já que ainda permanece adormecida em nosso leito como um anjo lindo.
            Um copo com água nesse momento talvez me ajudaria a refrescar a mente, e a congelar o meu coração que está em brasa e os nervos à flor da pele.
Sigo até a janela e a noite me convida para sonhar com as estrelas, mas não consigo, porque só quero me perder em devaneios em seus braços.
            Foi quando vi no céu um novo dia, a lua havia desistido de tentar me convencer a ser forte e foi embora dando lugar ao sol que se erguia por trás das colinas, passando por sobre os arranhas céus desta selva de pedra, cintilando seus raios dourados por sobre o nosso jardim florido, fazendo ruborizar as pétalas das rosas e a parede bege do nosso lar.
            Volto novamente ao espelho e desta vez não eram só o desespero e a insegurança estampados em meu rosto, haviam olheiras de uma noite em claro, mas, não por eu ter me esquecido de apagar as luzes, mas sim, por não desligar os meus pensamentos.
            E agora meu grande amor, com tanta perseguição assim, sozinha vou estar sem ter você ao meu lado para que eu possa me entregar.
            Amo-te perdidamente, nunca se esqueça disso, e estarei aqui esperando você voltar para a gente poder se amar.
            Com todo o meu amor, sua, sempre sua. 


                                                           Vera. 

Vanessa não conteve as lágrimas e chorou de emoção, não conhecia bem esse lado tão poético de Vera, pegou o telefone e pediu para que a telefonista lhe fizesse uma ligação para o Brasil.
Continua...       
Todos os direitos reservados à Loba Solitária.
Fundação BIBLIOTECA NACIONAL
MINISTÉRIO DA CULTURA
Rua da Imprensa, nº 16/Sala 1205 – Centro
Rio de Janeiro - RJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário