No dia em que
antecedia sua partida, Vanessa teve no hospital visitando dona Carmem que
respirava com a ajuda de aparelhos. Despediu-se, pois não a veria até a sua
volta, depois foi para casa acompanhada de Vera e Rafaela, Roberval e Verônica
passariam a noite com a enferma.
Vanessa levou a pequena Rafa que
dormia em seu colo para o quarto, ajeitou-a na cama dando um beijo de boa
noite, apagou a luz e saiu.
Em seu quarto, Vera que estava
deitada na cama de bruços, chorava baixinho, ao vê-la entrar, tentou disfarçar
sua tristeza, enxugou as lágrimas levantou e foi direto para o banheiro, abriu
o chuveiro e entrou sob a água morna que caía como uma cachoeira sobre o seu
corpo bronzeado.
Vanessa entrou, e encostou-se perto
da porta com os braços cruzados olhando-a sem nada dizer, Vera que estava de
costa para a porta, sentindo sua presença, não teve coragem de encará-la.
Ficou ali
parada tentando adivinhar o que estaria passando em sua cabeça naquele momento,
esteve tão calada o dia inteiro, evitando olhar em seus olhos, fazendo-a
sentir-se culpada por ela não poder acompanhá-la naquela viagem. E, pela
primeira vez, desde que estavam juntas, fora tomar banho sozinha sem convidá-la
para que a acompanhasse.
Coçou a cabeça como se estivesse
tentando arrancar alguma idéia, então ficou cabisbaixa, triste e pensativa. O
coração batia acelerado, uma sensação estranha tomou conta do seu ser,
sentiu-se agoniada, experimentou o gosto ruim de um possível desentendimento,
um clima estranho entre elas pairava no ar, não sabia como lidar com aquela
situação, pois não havia tido nenhuma briga que pudesse justificar aquela
situação de desconforto.
- Você não vai entrar?
Perguntou Vera que permanecia de
costas.
- Depois eu tomo banho.
Respondeu chateada com sua rispidez.
Virou e quando ia saindo, fora agarrada por trás.
- Desculpe-me amor, eu sou uma burra
mesmo! Ninguém tem culpa de nada. Após uma pequena pausa pediu. Abraça-me
forte.
Vanessa que ainda
estava vestida virou e abraçou-a com muita força apertando-a sobre seu corpo,
depois fechou os olhos para sentir melhor as batidas do seu coração que
golpeava o seu peito descompassado.
- Diz que me ama!
-
Eu te amo!
- Estou com muito medo, amor.
- Medo do quê?
- Medo de te perder!
Continua...
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