O BILHETE.
Querida Vera,
Desde o momento em que deixou a
minha casa, tudo ficou tão triste, senti um vazio imenso invadir a alma, que
quase naufraguei em minha ansiedade por ver-me só em meu quarto estreito e
abafado.
A cama pareceu-me tão grande que,
custou-me uma eternidade para conseguir me acomodar em meu leito devastado e
frio. Procurei tão logo pelo sono que havia partido em busca de outros corpos
cansados e cheios de indolência.
Pude ver ao
meu lado o travesseiro vazio que repousava sobre a tênue luz do abajur do
criado mudo que nada me disse, numa dupla conspiração inanimada, apenas
observavam a minha aflição por estar ali sozinha, sem você.
Procurei o
seu cheiro em meu corpo, e ele ainda estava lá em cada um dos orifícios de
minha pele, que ardia em chamas enquanto buscava-te em pensamentos numa
aspiração carnal, consegui assim reviver cada instante que ao seu lado estive
fazendo-me valer-se pela boa sorte.
Por esse e por todos os outros
motivos, entrego-te esta rosa que já está murcha em razão da saudade
avassaladora em meu peito. Caso queira sentir ainda o seu perfume, ele está
guardado dentro de minha alma, esperando que você apareça para sorver o seu
aroma.
Sem mais, vou ficando por aqui, à
espera dos seus beijos e abraços, peço-te somente, não demore, pois estou a sua
espera, olhando para o relógio que antecede as horas que me separam de você!
Com carinho...
Vanessa.
Continua...
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