sexta-feira, 2 de junho de 2017

Felicidade tem prazo de validade

A HORA DA VERDADE.

           
A casa de Vera estava localizada em um bairro nobre da cidade, cercada por muros altos, com seguranças por toda parte, morava sozinha naquele sobrado imenso sem ter com quem dividir aquela mansão em noites quentes ou frias, quando sempre adentra a madrugada calada em vigília abraçada a solidão que a persegue não permitindo que a felicidade bata à sua porta, já que Luciene nunca quis ir morar com ela para não perder sua liberdade.
            Seu quarto era o maior da casa, no banheiro havia uma imensa banheira de hidromassagem onde ela passava a maior parte do tempo relaxando.
            Após um banho demorado, Camélia, a empregada, bate na porta de seu quarto, ela vai abrir para saber o que a mulher deseja.
            - Desculpe-me dona Vera, é que a dona Luciene está lá embaixo e quer conversar com a senhora.
            Bem no fundo o seu coração sentiu o deleite de saber que sua amada estava à sua espera, um frio na espinha lhe percorreu o corpo trazendo um gelo na barriga, mas, não sabia se era por medo de enfrentar a realidade, ou talvez por não resistir aos encantos de sua paixão que ainda vagavam dentro de sua alma.
            - Diga a ela que eu já vou descer, obrigada.
            Arrumou-se então foi ao encontro de sua doce amada, Luciene estava de costas para a escada, em pé perto da porta de vidro que dava acesso ao imenso jardim observando as flores. Antes de descer alguns degraus, parou e ficou olhando-a, acima do seu ombro podiam-se ver as rosas vermelhas que oscilavam do lado de fora se misturando com os raios de luzes que se difundiam por sobre o chafariz, traiu-se por um momento, pois sentia ainda amor por ela, ao mesmo tempo em que teve repugnância. Desceu as escadas e falou com desdém:
            - O que você quer dessa vez, seja breve, por favor.
            Luciene virou-se, procurando palavras para justificar os seus atos, mas não conseguiu, fez rodeio, então a empresária tomou a iniciativa.
            - Está bem, vamos acabar logo com isso. Pediu com a voz firme, mas com o coração em fragmentos.
            A moça então falou aos poucos, sempre com o cuidado para não tropeçar nas palavras, contou toda a verdade, dizendo que mantinha um romance com Marcelo um pouco mais de um ano, e que estavam apaixonados, se desculpou pela traição, porém, pediu a ela que não os mandassem embora da empresa, pois precisava do emprego, e que seria difícil arrumar outro, devido à crise em que o país se encontrava.
            Vera então começou a discutir, estava ferida, muito machucada por dentro, precisava desabafar, quando se deu por si, estavam se agredindo fisicamente, Luciene desferiu um tapa em seu rosto ao ser chamada de leviana. Ela revidou ao ataque, quando tão logo, foi preciso um dos seguranças separá-las, e retirar a moça da casa.
            Vendo que tudo estava perdido, só lhe restou subir ao seu quarto para chorar sua dor.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário