No
escritório, Vera estava em sua sala conversando com Sueli a respeito de um novo
contrato quando Roberto pediu para ser recebido, ela mandou-o entrar logo para
saber o que havia acontecido. Logo atrás, Vanessa entra sem ser anunciada, a secretária
tenta impedi-la, segurando-a pelos braços, até o office-boy banca um de
segurança.
- Me solta! Diz nervosa.
- Mas, alguém pode me explicar o que
está acontecendo aqui? Quis saber a executiva assustada com aquela cena.
- Esta mulher enlouqueceu, me
agrediu só porque eu a mandei trabalhar.
- É mentira! Novamente parte para
cima dele, desta vez Sueli intervém. Eu vou arrebentar a sua cara seu
mentiroso, por que você não conta a verdade para ela? Seja homem, e não
moleque!
- Calma gente, vocês estão nervosos
eu não estou entendendo nada do que estão falando. Fale um de cada vez, mas,
por favor, sem violência.
- Tudo bem, desde que ele conte a
verdade.
Sueli deixa-a livre, Roberto
senta-se, mas Vanessa prefere ficar em pé. Ele começa a contar o que havia acontecido só
que na sua versão, enquanto Vanessa anda em círculo impaciente, contando para
não se descontrolar, Vera apenas a observa.
- Ela não me respeita como chefe!
Finaliza ele.
- Em primeiro lugar quem tem chefe é
índio, eu já cansei de dizer isso a ele, e depois, a empresa não oferece
segurança nenhuma aos funcionários, esses dias mesmo uma funcionária quase
perdeu o dedo da mão, eu tentei ajudá-la, e ele virou um “bicho”, gritou comigo
como se eu fosse sua filha, querendo se aparecer diante de todos.
Os dois começam a
discutir, Vera fecha os olhos, quase não acreditando no que estava acontecendo,
quando de repente, em meio à confusão, ele sugere que a empresária a mande
embora.
- Chega! Falou alto e em bom tom. Eu
não vou admitir esse tipo de confusão dentro da minha empresa, após uma pequena
pausa. Eu sinto muito, se essa situação chegou onde está eu terei que demitir
você.
Falou olhando dentro dos olhos de
Vanessa que a encarou fixamente sem desviar o olhar, desapontada, quase arrasada,
estava sem chão, viu todos aqueles anos dedicado à empresa passar em sua frente
como um flash, sentiu-se desvalorizada, não tinha mais nada a perder além do
que havia perdido, o emprego.
- Tudo bem, respondeu, passando a
mão na cabeça, hábito contínuo quando fica muito nervosa e sem controle. Já que
eu fui despedida, quero ser demitida por justa causa.
Sem que eles esperassem, num gesto
transitório, ela partiu para cima de Roberto, e desferiu-lhe um soco em seu
rosto. Foi preciso segura-lo também para que não reagisse.
- Agora a senhora pode me demitir
com razão. Depois sai empurrando todos que estavam em seu caminho.
Vera ficou perplexa, nunca tinha
assistido a uma cena daquela, uma mulher batendo em um homem, não sabia o que
fazer, queria rir, mas conteve-se diante de Roberto que estava envergonhado,
mas que logo pediu licença e deixou a sala cabisbaixo e com a mão no queixo.
Naquele dia, não se falou em outra
coisa na fábrica. Roberto passou a ser motivo de chacota entre os outros
funcionários.
Continua...
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