quarta-feira, 7 de junho de 2017

Felicidade tem prazo de validade.

Vanessa trabalhou quieta aquele dia, Roberto mandou-a para outra seção substituir um funcionário que havia faltado por motivos de saúde. Viajou em pensamentos a manhã inteira, viu-se cantando em programas de televisão, dando entrevistas, e fazendo shows em grandes estádios.
            Estava inspirada, e na hora do almoço, apanhou um bloquinho que carregava consigo, e foi sentar-se no pátio da fábrica, perto do estacionamento, embaixo da sombra de uma árvore. Desligou-se daquele lugar, e se transportou mentalmente para o infinito, estava carente, parecia que lhe faltava algo, sentiu vontade de colocar no papel tudo aquilo que estava sentindo, então escreveu com a alma e o coração.
            Suas poesias eram suaves e ao mesmo tempo, pesadas, às vezes chegavam a ser pornográficas fazendo escárnio de suas próprias sensações, contudo, ela não se importava com o que as pessoas diziam. Quem as lesse, acharia que ela era “tarada” ou coisa parecida, sem perder o lado romântico. No fundo ardia dentro daquela mulher uma chama quente, ardente como o fogo do desejo dos apaixonados, afogando-se em malícia e desordem.
            Estava tão distraída que nem ouviu o sinal tocar, só se deu conta, quando Roberto aproximou-se dela advertindo-a.
            - Eu vou lhe dar três dias de suspensão. Da próxima vez vou mandá-la embora.
            Ela se levantou e olhando-o em seus olhos respondeu:
            - Faça o que quiser, eu estou de saco cheio de você!
            Vanessa entra na fábrica e vai trabalhar, Roberto vai atrás e aproveita a ocasião para aparecer diante das outras funcionárias, gritando em voz alta.
            - Você tem que me respeitar garota, eu sou o seu chefe!
            - Quem tem chefe é índio! Respondeu irritada, jogando a peça que estava fazendo no chão. Se você quiser me mandar embora, que seja agora!
            Ele sorri irônico, e bate palmas.
            - Que lindo! Meus parabéns olha aí, estão todos te olhando, pensa que está em cima daquele poleiro que você chama de palco.
            Ao ouvi-lo dizer isso, ela parte para cima dele empurrando-o por cima das máquinas, derrubando-o no chão, depois se joga sobre o seu corpo quase cega de ódio, os funcionários seguram os dois, separando-os.
Roberto se levanta, coloca a mão na testa que estava sangrando devido ao corte que se fez ao cair e bater a cabeça no canto de uma das máquinas. Então sai em direção do escritório.
            Vanessa pede para que a soltem, e vai para o vestuário arrumar suas coisas, Juliana vai atrás para acalmar a amiga.
            - Aonde você vai Vanessa?
            - Eu vou embora desse lugar, estou cansada de ser humilhada pelo Roberto, eu não preciso passar por isso!
            - Pensa bem, você poderá se arrepender, emprego está difícil minha amiga.

            - Eu já sei o que eu vou fazer. Diz isso e sai atrás de Roberto.

Continua...

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