Vanessa
trabalhou quieta aquele dia, Roberto mandou-a para outra seção substituir um
funcionário que havia faltado por motivos de saúde. Viajou em pensamentos a
manhã inteira, viu-se cantando em programas de televisão, dando entrevistas, e
fazendo shows em grandes estádios.
Estava inspirada, e na hora do
almoço, apanhou um bloquinho que carregava consigo, e foi sentar-se no pátio da
fábrica, perto do estacionamento, embaixo da sombra de uma árvore. Desligou-se
daquele lugar, e se transportou mentalmente para o infinito, estava carente,
parecia que lhe faltava algo, sentiu vontade de colocar no papel tudo aquilo
que estava sentindo, então escreveu com a alma e o coração.
Suas poesias eram
suaves e ao mesmo tempo, pesadas, às vezes chegavam a ser pornográficas fazendo
escárnio de suas próprias sensações, contudo, ela não se importava com o que as
pessoas diziam. Quem as lesse, acharia que ela era “tarada” ou coisa parecida,
sem perder o lado romântico. No fundo ardia dentro daquela mulher uma chama
quente, ardente como o fogo do desejo dos apaixonados, afogando-se em malícia e
desordem.
Estava tão distraída que nem ouviu o
sinal tocar, só se deu conta, quando Roberto aproximou-se dela advertindo-a.
- Eu vou lhe dar três dias de
suspensão. Da próxima vez vou mandá-la embora.
Ela se levantou e olhando-o em seus
olhos respondeu:
- Faça o que quiser, eu estou de
saco cheio de você!
Vanessa entra na fábrica e vai
trabalhar, Roberto vai atrás e aproveita a ocasião para aparecer diante das
outras funcionárias, gritando em voz alta.
- Você tem que me respeitar garota,
eu sou o seu chefe!
- Quem tem chefe é índio! Respondeu
irritada, jogando a peça que estava fazendo no chão. Se você quiser me mandar
embora, que seja agora!
Ele sorri irônico, e bate palmas.
- Que lindo! Meus parabéns olha aí,
estão todos te olhando, pensa que está em cima daquele poleiro que você chama
de palco.
Ao ouvi-lo dizer isso, ela parte
para cima dele empurrando-o por cima das máquinas, derrubando-o no chão, depois
se joga sobre o seu corpo quase cega de ódio, os funcionários seguram os dois,
separando-os.
Roberto se
levanta, coloca a mão na testa que estava sangrando devido ao corte que se fez
ao cair e bater a cabeça no canto de uma das máquinas. Então sai em direção do
escritório.
Vanessa pede para que a soltem, e
vai para o vestuário arrumar suas coisas, Juliana vai atrás para acalmar a
amiga.
- Aonde você vai Vanessa?
- Eu vou embora desse lugar, estou
cansada de ser humilhada pelo Roberto, eu não preciso passar por isso!
- Pensa bem, você poderá se
arrepender, emprego está difícil minha amiga.
- Eu já sei o que eu vou fazer. Diz
isso e sai atrás de Roberto.
Continua...
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